Para Marco
Semana passada, resolvi quebrar minha resistência ao muito suor e sair da frente da mesquinhez do ventilador. Fui à praia com você. Deitada na areia confortável, espiei o mar por quase uma hora, querendo coragem para mergulhar como fazia antigamente.
Hoje, porém, o medo me segura e me frustra, e não só na praia. Eu me escondo na minha fortaleza de auto-proteção, onde minhas boas amigas são as neuroses. Com elas, também me sinto segura. Sem sair do castelo de dentro de mim, vou às lojas e faço compras para tentar preencher o espaço do que não sou ou do que queria ser. Mas, naquele dia, não precisava ser assim.
Você já estava na água quando tomei coragem e... fui! Joguei-me no mar sem garantias nem preocupação. Na água gelada, sentia meu corpo vivo. Ali eu era por inteiro, sem precisar de nada além.
Um minuto de alegria, nem isso, e veio uma onda gigante. Quebrou sobre nós. Dentro daquela tempestade, tive medo que nossas mãos se soltassem. Envolvida naquele barulho uterino, toda a energia fluia sobre mim.
A onda passou. Eu me recobrei e saí correndo da próxima. Na borda do mar, parei, te olhei ainda na água e rimos. Que divertido rir de mim mesma e poder compartilhar isso com você. Respirei fundo, e o ar que entrou pelas minhas narinas chegou a tocar minha alma. O sal purifica.
Você saiu e nos beijamos, iluminados pelo sol que se punha sob o Dois Irmãos. Pena que nada tão bom pode durar para sempre.
terça-feira, 23 de fevereiro de 2010
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